Party in Session no Cais do Sodré

Foi um momento histórico na vida do Reggae em Portugal e vou ter que abdicar de alguma imparcialidade para explicar o que foi este espectáculo para mim. Black Uhuru já esteve em Portugal ,se não me engano, quatro vezes a contar com esta. Estive presente naquela que penso ter sido a primeira vez deste grupo em Portugal, que aconteceu no festival “Músicas do mundo”em Sines, estive quando vieram á voz do operário como Michael Rose e Sly&Robbie mas não vi quando vieram mais recentemente ao sudoeste. Da primeira vez que os vi, não estava presente um dos membros primordiais, Michael Rose, vocalista principal da época mais gloriosa de Black Uhuru, mas depois tive oportunidade de o ver na Voz do operário mas desta vez sem Duckie Simpson. Pela primeira vez em Portugal estes dois gigantes do Reggae deram nos a oportunidade de os ver actuar juntos no dia 2 de Março. A única falha terá sido a ausência da dupla de baixo e bateria mais famosa e conceituada do mundo do Reggae, Sly & Robbie. Das outras vezes que vi Black Uhuru, pude notar que uma das atracões principais do espectáculo é a performance desta dupla que é marcada por uma série de jogos rítmicos e variações do Beat. Realmente faltou a perfeição quase mecânica com que Sly Dunbar e Robbie Shakespeare dominam os seus instrumentos, mas a banda que os substituiu soube ser fiel ao seu estilo e fizeram um excelente trabalho. Estamos a falar de RasItes que me surpreenderam muitíssimo com os originais que tocaram antes de entrarem Michael Rose, Duckie Simpson e a voz femenina (substituta da antiga vocalista "Puma").

Esta banda tocou temas que eram do mais puro Roots old school, tocaram outros para levantar o público do chão num estilo New Roots de excelente qualidade, a fazer lembrar Morgan Heritage e tudo isto numa excelente execução e acompanhado de vozes limpas e melodiosas de primeira qualidade. Os dois vocalistas principais são também baixista e guitarrista e para além de serem excelentes instrumentistas, são excelentes cantores e o casamento das duas vozes tem uma sonoridade que faz lembrar o dueto de vozes de Morgan Heritage. Depois de umas quantas músicas, RasItes comearam a tocar um Medley que pôs o público eufórico ao reconhecer as sonoridades mais conhecidas de Black Uhuru. A euforia do público fez-se ouvir até á entrada de Michael Rose e acompanhantes e foi aumentando gradualmente até se ouvirem as primeiras frases do “Party in Session”.

O vocalista sentiu o calor do público e sentiu-se estimulado a retribuir com o mesmo tipo de vibração quente e envolvente. Acho que foi assim que o público sentiu todo o concerto, com muita energia, e isto verificou-se na interacção que houve entre o palco e o público. Foi emocionante para qualquer fã de Black Uhuru vê-los tocar clássicos do What is life, Island anthology e outros temas de uma das primeiras bandas de referencia de quase todos os amantes de reggae, de uma maneira tão inspirada. Infelizmente não tive opurtunidade de ver One Sun Soundsystem e DreadRecords "sounds"que já conheço há algum tempo, mas ao que parece One Sun Sound teve um espectáculo verdadeiramente original com a participação de Tony Clean (Mundo Complexo) e Zinho que cantaram temas de One Sun Tribe por cima de Riddims conhecidos. Foi sem duvida uma noite quente e cheia de surpresas agradáveis.


Fonte das fotos: www.inforeggae.net
Fotógrafa: Alexandra Vaz